Recôndito

AB

Com as mãos à grade

Que me prende aqui fora

Antes que seja tarde,

Que eu volte a outrora

Eu observo…

 

O olhar de espanto

Que me desabita

É o meu recanto

É o que me priva dessa fita

 

Outrem eu sou

Ao olhar alheio

Uma inexistência me causou

Após eu sair desse meio

 

Vi que o meu nome

Não tem personalidade

Sendo inferior a um pronome

Oh! Perdi a individualidade!

 

Por fora do fora outro eu habitar

Por quebrar o enlace

Perdi o primeiro conjugar

Perdi o desvelar de minha face

O que farão?

 

Poesia em expressões

Poesia, Poesia…

Com o teu encantamento,

tu invades o meu recinto

Depois disso, juro,

não minto,

que não sou mais dono de mim

Somente sinto…

É como se algo penetrasse

em meu peito

espalhando o teu sortilégio

por toda minh’alma

E tu, Poesia, doravante,

passas a habitar a essência de meu ser

E esta situação insólita

causa-me estranhamento

Sinto-me o teu escravo,

perdendo eu, com isso, o controle sobre mim

Agora,

eu pertenço a ti, bela Poesia

Só que tu queres me libertar,

mesmo sabendo que eu jamais poderei ser livre

Imploro-te!

Poesia, muda tu o desfecho desta história, deixa tu eu preso

ao feitiço que me transformara nesta dócil fera

Fazendo isto, eu te prometo, Poesia, que,

toda madrugada,

levantar-me-ei de meu aconchegante leito,

e personificar-te-ei,

por meio de suntuosas palavras