Indelével

Vou me contentar

com minha poesia,

pois vejo que

nada tenho a fazer

Devido ao modo com o qual

a sociedade vive hoje em dia

Às vezes,

dá vontade de perecer

 

Em meio às forjadas verdades,

a angústia me apavora

Desse mundo,

cujo domínio é baseado em as falsidades,

sinto vontade de ir embora

 

Mas aonde eu irei?

Ainda não sei

Pois já recorri à Ave Maria,

passei pelo Protestantismo,

e hoje estou na suposta

Filosofia

E estou vendo que

esta

é uma baixaria

 

Ao menos, das piores,

ela é a mentira melhor

Mas mesmo assim,

em meio à solidão

que a mesma me causa,

claro,

eu me sinto só

 

Só…

Pois percebo

que a Filosofia já está corrompida,

aderindo ao cotidiano,

cuja verdade é desmedida,

resumindo-se em geral fingimento

Em que a maioria,

mesmo sabendo

que está em tormento,

confessa contemplar o ápice

da felicidade

 

E é esta maioria quem

me ignora,

acusando-me

de louco

E, com isso,

eu me deleto

 

Resta pouco, resta pouco…

 

Pouco tempo

para eu me abstrair,

por este mundo já não caber mais em mim

Procurarei outro,

em sendo assim

 

Outro, o quê?

 

É…

É melhor sair da abstração,

voltar à perfeita ilusão,

e viver, então,

fingindo que está tudo bem

 

Devaneio

Quando não

sinto nada

Será que realmente

nada sinto?

Ou será um

desconhecido sentimento

Invadindo o meu recinto?

 

Como posso

nada sentir,

se sinto eu que

nada estou sentindo?

Como que,

em sentimento algum,

posso sentir eu que,

em meio ao nada,

estou fingindo?

 

Se nada sinto,

ao sentir que

não sinto nada,

não é que eu

nada sinta,

mas sim uma sensação

para mim inusitada

 

O Nada

nada contra

as correntezas

de meu sentimento,

derrubando, assim,

as barreiras existentes

em meu pensamento