Pseudolua

Lua, Lua…,

que numa noite morre,

noutra nasce

Se tu és tão verdadeira,

mostra-me tu o outro lado da tua face

 

É tu companheira fiel da Terra

Com ela estás sempre em translação

Se és tão fidedigna assim,

faz tu o movimento de rotação

 

Esta não é a tua cara,

e sim um reflexo teu

És semelhante ao me olhar no espelho,

e jamais poder ver o rosto meu

 

Nem sei se tu és a Lua,

ou se és uma pseudolua

Sejas nua, Lua

E mostre-me a essência tua

 

Desejo Esfíngico

Ver-te,

é perder o chão,

é levitar para não cair,

é exprimir-se somente ao coração

 

Sentir-te,

é tocar-te com o abstrato,

é abraçar-te intensamente,

sem precisar do uso do tato

 

Ouvir-te,

é encantar-se como que pelo canto da sereia,

é ouvir a mais perfeita harmonia,

é deixar-se ser levado ao teu encanto que por aqui permeia

 

Cheirar-te,

é estar em sintonia com a tua essência,

é tomar-se pela tua fragrância,

é ser profano à tua inocência

 

Provar-te,

é sentir o sabor do belo,

é envolver-se no gosto saciável de teu ser,

e fazer deste um nobre castelo

 

Ter-te na íntegra,

transcende os singelos sentidos,

é estar além das sensações,

é desvelar os enigmas em ti contidos