Tripartite

Eu pensava que,

aqui,

paletó fosse sobreveste de barão

Mas descobri que é roupa de lá

Drão!

É a bela música que fala do imenso monólito,

que, na verdade, não é o amor

É a grande pedra que há,

da velha e conhecida poesia,

no meio de nosso caminho

Constituída pelo bloco daqueles que estão sob esse cobiçado sobretudo, sobretudo

Eu pensava que terno,

aqui,

fosse também vestuário  de Silva

Mas descobri que é roupa somente de Sá

Fado

É o ícone cultural português que,

lento e triste,

controla, até hoje, os episódios daqui

E faz com que os acontecimentos independam da vontade da maioria

Eu pensava que,

aqui,

gravata fosse acessório de branco

Mas descobri que ela é a própria cor

Reia

É a deusa da fertilidade que,

Aqui, erroneamente,

é passada envolta do pescoço do povo pobre

E, diariamente, com um nó, enforca-nos, enforca-nos

A Razão

Apertei ao delírio o meu dedo,

para ver se eu pararia essa razão desenfreada

E o trilho era tênue demais…

Só que o demais

era uma intensidade de mais ao meu gosto

E o que era delgado, ao invés de me descarrilar,

disciplinou-me ainda mais

E o bom senso…

Que senso? Que nada!

… inconsequente, censurou-me em meio à rapaziada

– que gozara de minha mancada

E eu, vexado, me envergonhei

por terem-me voltado à razão

Já dizia aquele de Atenas,

“que ela vem feito uma brisa serena”

E adestra-me e me envenena

E o delírio transformou-se em gatilho,

cujo dedo ainda é o mesmo que aperta

e, que, com sensatez, diz que é em honra àquele juízo

Mas a minha sóbria embriaguez diz ser ele um desatino