A porta

Sei que é preciso abrir a porta

Todavia, por mais que alguém a escancare,

parece que toda porta tem seus limites

Hoje, eu me deparei

olhando à porta

Por um instante,

eu pensei que a porta fosse uma coisa morta

Mas não,

mas não

A porta apenas não se comporta como porta

Apesar de seus repetitivos movimentos,

a porta parece sempre estar fechada;

não se permite a fazer outra coisa

E essa atividade

não é algo que a porta executa por si mesma

Ela é sempre manipulada por uma força externa,

submetendo-se a todo o tipo de vontades alheias

A porta precisa entender

que, abrir-se, não é o suficiente,

uma vez que a mesma pode transcender

aos limites a ela estabelecidos

Anorgasmia

E na transa, eu tranço

Entre laços, entrelaço o meu corpo ao teu

O verbo,

do eu se desconjuga

e então expurga nossa conjunção carnal

Mas o eterno externo,

anorgástico e consciente,

sente a ausência do descente

rompendo as arestas do que resta das impudicas paredes

Excito, hesito

Excito, hesito

Excito, hesito

Excito, existo!

Rum?!

Gozou, foi?