“Lóggos” filosófica

Tentar filosofar,

tendo como interlocutores

os ditos filósofos de hoje em dia,

é semelhante a dialogar com árvores

Estas,

além de nada nos falarem e não nos ouvirem,

têm suas raízes fixadas em um único lugar

Logo, elas não se permitem

e não se submetem ao movimento;

tampouco, ao movimento do logos

E é justamente a partir desta cinesia,

que o filosofar alcança o seu apogeu,

e não numa lóggos de ditos filósofos

Inefável

A única coisa sobre ti,

que eu ao menos consigo vislumbrar

é que, entre todas as espécies de beleza,

tu és a bela

Sem embargo,

a tua natureza, ao que percebo,

impede-me de expressar sobre aquilo

que há de mais esplendoroso ao teu respeito

Descubro, neste momento,

quão simplórias são as palavras

Elas se curvam diante de teu ser

e, silentes, fazem com que o logos

se assemelhe a mero sujeito taciturno

De estrutura indizível e inexplicável,

tu és o universo,

cuja representação imagética transcende à cosmogênese,

bem como à cosmolologia

Afinal,

submerso pelo paradoxo que tu me concedeste,

sou forçado a me calar

Digo, sou obrigado apenas a dizer

que não há termo que possa te nomear,

tampouco possível de exprimir-te através de qualquer discurso

Deslumbrado,

o que me resta é, simplesmente,

a contemplação